Estamos em período
pré-congresso. Conforme cronograma divulgado aqui no blog, segue a segunda discussão com as contribuições recebidas. Tema: Central Sindical (Filiação ou
Desfiliação?).
Texto 01: Maioria da direção do Sinte
Joinville
O SINTE e a CUT
Hoje,
mais do que nunca precisamos manter e ampliar a unidade no movimento sindical.
O isolamento político leva inevitavelmente à degeneração e à inatividade.
A
CUT, pela sua história e pela sua estrutura, é a única Central capaz de
organizar de fato o conjunto dos trabalhadores desse país. E o SINTE pode jogar
um papel importante nesse momento. Mantendo sua filiação à CUT, não somente
fortalece a Central, mas ajuda no debate político necessário para que a direção
dê um passo à frente, superando as longas discussões intermináveis das
negociações nos fóruns e mesas tripartites e volte sua atenção à organização
dos trabalhadores desde a base. Na outra via, a experiência acumulada pela CUT
ao longo de três décadas de luta vai contribuir de maneira imensurável para a
organização dos trabalhadores do ensino público no estado de Santa Catarina.
Sempre
fizemos o combate e denunciamos as armadilhas criadas pela direção majoritária
da CUT. Por outro lado, entendemos que a proposição de desfiliação não ajuda em
nada o conjunto da classe trabalhadora. Muito pelo contrário. Fragmentar a
nossa classe, pulverizando o movimento sindical em diversas e pequenas
“centrais” só interessa ao governo e ao capital. É preciso disputar a Central e
unificar a luta; esse é o caminho.
Companheiros,
não caiamos nessa armadilha. Quando o governo Lula “reconhece” as centrais em
2007, para fins de partilha do imposto sindical, estava plantando a cisão do
movimento, pois era sabido que diversas organizações políticas sairiam ansiosas
criando suas próprias centrais sindicais, na ânsia de pôr a mão em parcela do
dinheiro do famigerado imposto e isso aconteceu.
Não
vamos tapar o sol com a peneira. A desfiliação da CUT é uma medida que causa o
isolamento ou a divisão. Vários agrupamento acusam os cutistas de atrelamento
político, mas na prática são comprometidos com seus partidos, a ponto de querer
romper com a CUT para poder fortalecer a central que impulsionam.
Companheiros,
não podemos nos ater à burocracia. O que a classe trabalhadora precisa, acima
de tudo, é unidade e bons instrumentos de luta. Quando uma direção degenera,
nosso papel é ajudar a varrer os que se adaptaram, “botar sangue novo” e
retomar o movimento para a luta em defesa da emancipação dos trabalhadores.
Rompendo o movimento agimos exatamente de acordo com os interesses daqueles que
querem, a qualquer custo, aniquilar o poder de organização e luta dos
trabalhadores.
Nossos
compromissos de luta
A
CUT, a CNTE e o SINTE jogam um papel decisivo no combate à precarização dos
serviços públicos implementada pelo governo. É preciso combater severamente a
entrega da saúde às OS’s – empresas travestidas de “organizações sociais”. É
preciso frear a privatização, mesmo que travestida e rebatizada de “concessão”.
É
preciso fazer avançar a aplicação da Lei do Piso do Magistério na rede pública,
pois ela traz avanços na carreira e na qualidade do ensino. Para isso, é
necessário unidade nacional em torno da reivindicação. A CUT deve organizar uma
greve geral no país pela aplicação da Lei do Piso. É isso que o SINTE deve
defender nas instâncias da CNTE e nas instâncias da Central.
Por
fim, companheiros, a luta de classes está mais viva do que nunca. O ataque a
uma categoria é um ataque ao conjunto dos trabalhadores. A vitória de uma
categoria é a vitória de toda a nossa classe.
Contra
o isolamento.
Viva
a unidade da classe trabalhadora!
Manutenção da filiação do Sinte à
CUT!
Assinam
esse texto a maioria da direção do Sinte Joinville
Texto 2: Minoria da direção do SINTE Joinville
A CUT já rompeu com as lutas, É HORA DE ROMPER COM A CUT
A Central Única dos Trabalhadores foi criada num contexto
marcado pela reorganização do movimento operário, desempenhando um importante
papel nas lutas. O contexto pós ditadura exigia dos trabalhadores a construção
de instrumentos de luta que afirmassem a independência da classe. Nas raízes da
criação da CUT encontramos uma estratégia de luta sindical contrária à
conciliação de classes, negando qualquer tipo de pacto social e apontava para
uma saída anticapitalista como solução para os problemas sofridos pelos
trabalhadores.
O SINTE, desde que se filiou a CUT no início da década de
80, ajudou a construí-la, materializava-se no sindicalismo classista e
enraizado na base, livre de interferências do Estado, democracia interna nas
estruturas sindicais e o socialismo como objetivo final.
O movimento sindical não estava imune a reação da classe
dominante. Em cerca de dez anos a burguesia começou a neutralizar os avanços
conquistados. A partir da década de 90 a infiltração, principalmente
ideológica, dos inimigos de classe começa a se instalar dentro da CUT: os
Congressos Nacionais passaram a limitar cada vez mais a participação dos
trabalhadores, promover cursos profissionalizantes e depender do gordo dinheiro
do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e mais tarde do Imposto sindical, assim
as
centrais começam a depender do Estado.
Este tipo de situação criou uma casta de dirigentes
burocratas, dependentes das benesses do Estado e do patrão. A Central legitimou
a substituição de Políticas Universais por Políticas Focalizadas e
Compensatórias. Com o “sindicalismo de resultados” participou de Câmaras
Setoriais, nada avançou e só perdemos direitos. Girou para um
sindicalismo de conciliação, travestido de “sindicalismo propositivo” ou
“cidadão”.
Já em 2003, com o PT na presidência,
passaram de ‘mala e cuia’ para o lado do governo apoiando todas as políticas do
governo federal, como a reforma da previdência, que atingiu os servidores
públicos. Com
o governo Lula, a CUT precisou fazer malabarismos nos discursos para justificar
toda concessão que fez. As relações entre CUT e governo são mais que cordiais e
isto pode ser explicado a partir do seguinte: os principais nomes da cúpula de
Lula-PT foram as principais lideranças da CUT participando no primeiro e
segundo escalão do governo, nos organismos tripartites, fundos privados de
pensão, etc.
Com o governo Dilma a história se
repete. A luta contra o Acordo Coletivo Especial (ACE), pela anulação da
reforma da previdência de 2003, contra a nova reforma previdenciária em curso
(o chamado fator 85-95), contra o PL 4330 que liberava as terceirizações no
país (onde a CUT estava participando com empresários e governos nas
negociações), recolocou a importância do debate sobre a independência da nossa
entidade frente aos governos.
Além desses motivos, o SINTE
tem um gasto anual de quase MEIO MILHÃO de Reais para manter esta filiação que
ao contrário de nos trazer retornos positivos, é uma trava às lutas e
mobilizações e uma blindagem ao governo Dilma. Por isso,
estamos propondo que o nosso sindicato saia das amarras do sindicalismo
governista e desfilie-se da CUT.
A proposta de ruptura com a CUT não está vinculada a
filiação em outra central de imediato. Vamos discutir com toda a categoria o
que for melhor em seminários e assembleias.
- DESFILIAÇÃO IMEDIATA DO SINTE À CUT.
- A CUT NÃO FALA EM NOSSO NOME!
Texto 3: Jane Becker / Osvaldo de França
Unidade no SINTE, CONTRA a desfiliação da CUT!
Há entre nós,
setores que trabalham, para a divisão do SINTE e a divisão de nossa categoria.
Estes que impulsionam a divisão do SINTE utilizam da retórica já desgastada da
desfiliação do SINTE da Central Única dos Trabalhadores – CUT. Fantasiando a
realidade, se posicionam pela filiação do SINTE à conlutas, ou não filiá-lo a
lugar algum, como alternativa capaz de resolver os problemas do SINTE.
Defendemos a
manutenção do SINTE na CUT, pois levamos em consideração o movimento de massas
que forjou a CUT. A Central nasceu como uma nova forma de organizar a luta
sindical com diferenças qualitativas em relação à CGT. Na sua fundação arrastou
milhões de trabalhadores e centenas de sindicatos. Foi um fio condutor da luta
pela democratização e vanguarda na luta por direitos trabalhistas. A CUT foi
criada como um projeto unificação da luta mais avançada dos trabalhadores, e
não como uma pura negação da CGT. Por isso tudo, não aceitamos a divisão da
CUT!
O setor que deseja
manter a confusão e a paralisia do SINTE com a proporcionalidade direta para
a eleição da diretoria também quer a desfiliação; golpeiam a unidade de
nosso sindicato de duas formas.
Não nos furtamos de
criticar a direção da CUT que, muitas vezes, toma posições que pouco contribui
para a luta dos trabalhadores. Entretanto, isto não justifica a saída da
entidade.
Vejamos como agem concretamente
os que saem da CUT:
Recentemente, frente
ao leilão de libra, que unificou vários segmentos do operariado em torno da
defesa da petróleo, os mesmos que pregam a desfiliação do SINTE, dedicaram-se a
campanhas isoladas do restante dos trabalhadores. A conlutas se afundou no
denuncismo contra a CUT e o governo federal e se “esqueceu” de fazer o mais
importante, que era construir a greve dos petroleiros do RJ. A conlutas “furou a greve” nacional dos petroleiros,
que se erguia contra o leilão no estado do RJ, onde dirigem o sindicato dos
petroleiros! A FUP - ligada a CUT - impulsionou uma campanha salarial ligada à
luta contra o leilão e paralisou atividades petrolíferas em vários pontos do
Brasil!
Setores satélites da
conlutas como o 'a cut pode mais' – dirigente do CEPERS do RS, neste ano, em
meio à greve nacional do magistério pelo Piso Nacional, convocadas pela CNTE -
ligada a CUT – também deixou de mobilizar a greve no estado para organizar sua
participação numa caravana à Brasília, mobilizada pela conlutas. O sindicato
gaúcho deixou de se somar aos milhares de professores que reivindicavam governo
federal um piso salarial nacional, símbolo de unicidade profissional, para se
somar a poucas entidades em uma duvidosa e desastrosa marcha ao DF.
Infelizmente estes
setores vestidos de vermelho, que se intitulam 'lutadores', só conseguem
fragilizar os sindicatos que atuam. Dividem suas bases e jogam com a confusão
da categoria para obterem vantagens e aparelhos sindicais.
Contrários, a tudo
isso, entendemos que é a hora de nos somarmos, a hora é de se somar, no
movimento concreto pelas reivindicações dos trabalhadores. Não a divisão de
nosso sindicato, não a Desfiliação do SINTE da CUT!
Osvaldo de França
Jane Becker
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